Balanço

Para ir sendo construído, disse eu no início. A obra acabou.



...Era de uma meiguice que a todos conquistava. Acarinhada nas lojas e cafés das redondezas onde diariamente ia recolher a dose de mimos e olhares enternecidos. Em casa, recebia as pessoas com tão jubilosa hospitalidade que, por uns minutos, nela se concentravam todas as atenções e carinhos. O Zé sabia quantas vezes eu saíra, durante o dia, pelo número de bonecos em cima da cama. Porque só os largava depois de uma sessão de beijinhos na barriga. Um dia, o Paulo, fingindo-se enciumado desse amor, vira-se para o pai: «A nós não dás tantos beijinhos.» Tirada risonha e certeira do mano João Pedro: «Pois é, mas também não nos rebolamos no chão de barriga pró ar!»