tijolices

Para ir sendo construído, disse eu no início. A obra acabou.

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quarta-feira, junho 22, 2005

Despedida

Em que pensas quando te vejo assim alheado? Em que cenários te moves por detrás desse olhar parado? Por que não falas? Por que não me respondes? Por que me queres a teu lado se nem sequer me vês? Por que te custa tanto dizer que ainda me queres? Por que te custa ainda mais dizer que me amas? Por que o dizes a outras pessoas e não a mim? Por que insisto em repetir todas estas perguntas? Não vais responder, pois não? Está bem, fica descansado. Não voltarei a perguntar-te. Porque cansei-me de falar sozinha. Saio e fecho a porta. Deixo-te assim, indiferente, nesse silêncio que já nem a minha presença perturbará. Levo comigo a memória de outros tempos. De palavras ditas e ouvidas. De perguntas respondidas. De risos e cumplicidades. De dramas partilhados. De sucessos festejados. De um amor que foi. Que talvez seja, ainda. Para ti. Mas que deixou de se fazer ouvir. E então, nesse silêncio, escutarás finalmente as minhas palavras. Mas a minha voz, essa estará onde alguém quer escutá-la.

Mitsou (No Baú da Vida)

27 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Lindo como sempre. Linda deve ser essa alma, pura , frágil e sincera.
Beijocas e um bom dia. Sou aquela com quem falou ao fim da noite quando telefonou à Ni.
Tété

22 junho, 2005 00:55  
Blogger Filipe Feio said...

Gosto do que escreves!
O que é o 'No Baú da Vida'?
Boa noite.
Filipe

22 junho, 2005 01:35  
Anonymous Anónimo said...

Mitsou,um bom dia para ti e obrigada pelo que escreves ,este texto fez-me pensar revi-me nele .

Carlota Joaquina

22 junho, 2005 09:17  
Blogger th said...

O silêncio às vezes pode ser de ouro, mas às vezes mata...Beijo muito carinhoso, th

22 junho, 2005 10:16  
Anonymous Anónimo said...

cito:
Mas a minha voz, essa estará onde alguém quer escutá-la.
:)))***

22 junho, 2005 10:23  
Blogger Madalena said...

Bom dia Mitsou!
Um beijinho muito garnde, tão grande como a beleza das palavras que encerram, quem sabe?, alguma tristeza. mas isto é atávico: há beleza dentro das coisas tristes!

22 junho, 2005 10:51  
Blogger Anna^ said...

Gostei muito muito muito!!!
A tua voz n sei se a escutarei algum dia mas a tua escrita,essa terá sempre em mim uma leitora atenta. Obrigada Mitsou :)

bjokas ":o)

22 junho, 2005 11:06  
Blogger Raquel Vasconcelos said...

Não seria a primeira nem a última pessoa a dizer-te não só que me revi nas tuas palavras, como elas estão tão bem escritas...
Um dia Mi... quero um livro teu. Não um acabadinho de colocar numa qualquer secção da Fnac ou da Barata, mas um daqueles directamente da impressão, do acabamento... sem muita gente de caminho a torná-lo impessoal...

Como o silêncio nos mata e "o outro" não dá por isso... como nos vamos calando e apenas parece que nos tornámos menos exigentes, mais fáceis de escutar... é natural, já nada dizemos... as frases que ficam a meio, a palavras por dizer.
Até o amor um dia adormece e partimos, deixando ao outro apenas um instinto animal da preservação de um bem, que o fará reclamar-nos incessantemente, mas já sem fazer eco em nós...
.
Morro pelo caminho mais um pouco... mas pelo menos tenho consciência disso. Os que ficam, preferem culpar-me, será demasiado fácil, no meio da sua dôr...

22 junho, 2005 11:51  
Blogger wind said...

Assim é que é:) belo texto e de uma realidade sentida. beijos e também um smile:)*

22 junho, 2005 12:23  
Blogger Conceição Paulino said...

olá amiga:) Como vão os tijoloS? Espera k (muito) bem! Este texto fala claramente da estagnação de uma relação.Um fala e quer ser ouvido e qer compôr. O outro obstina-se num silêncio e diz k tudo está bem.....É Terrível ...Bj grande com abraços

22 junho, 2005 13:04  
Anonymous Anónimo said...

Belo texto Mitsou,por mim,já sabes... estou sempre disponível para ouvir a tua voz!Beijos muitos.

22 junho, 2005 14:20  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Mitsou
E assim recompomos o trilho por onde almejamos passar, em espiral, vendo de vez em quando a referência que nos motivou o desvio, mas que em cada passagem se vai tornando cada vez mais distante.
Um beijo
Daniel

22 junho, 2005 14:22  
Blogger bertus said...

"Pois. Hoje, não me perguntes nada. Estou para aqui virado, não vês?! Por vezes falar também cansa e depois, falar por falar, o que adianta?
E sabes que te amo. Sempre. Porquê repeti-lo até á exaustão?! Para teres a certeza? Mas o que são, o que valem as palavras, senão isso mesmo? sons, vocábulos. Mais importantes são os actos e gestos e gostava que reparasses neles com mais frequência.
Vais embora?...já calculava. esse...alguém, que quer escutar a tua voz...conheço-o?"

beijokas!

22 junho, 2005 15:15  
Blogger Eva Lima said...

Encruzilhadas, silêncios...
Todos conhecemos momentos assim. TU escreveste-o muito bem, obrigada.

22 junho, 2005 15:28  
Anonymous Anónimo said...

Que bem escrito! Que bom ter lido. Obrigada. Beijinhos

22 junho, 2005 15:47  
Blogger JMTeles da Silva said...

Linda peça! A simplicidade da escrita é encantadora.
Bjinhos

22 junho, 2005 15:48  
Blogger Unknown said...

Querida amiga, respondendo ao teu post... o orgulho é um dos piores sentimentos do ser humano .
Beijinhos

22 junho, 2005 16:26  
Blogger Filipe Feio said...

> Beijinhos e boas curtes!

Eh eh eh, também te acho piada. Se é assim? Não sei, mas acho que serve. O mais importante é conseguirmos entender-nos, não? :-)

Relativamente às bandas e aos intérpretes, conheço-os por um acaso (mas não é isso a vida, uma sucessão interminável de acasos?). Há coisa de dois ou três anos assaltaram-me o carro. O gatuno levou cerca de 40 ou 50 CDs que costumava ouvir, com música que ouvia desde os meus 14 ou 15 anos. Nessa altura, senti a necessidade de descobrir coisas novas. Libertei-me do que ouvira toda a minha vida. Depois disso, nunca mais parei. Tornou-se ainda mais uma paixão...

:*

22 junho, 2005 19:07  
Blogger Caiê said...

um amor que se foi... todos sabemos isso que é. mas nem todos sabemos escrever como escreve esta Mitsou para exprimir estas feridas e agruras.

Muito tocante! ***

22 junho, 2005 20:27  
Blogger lique said...

Pois é, linda, chega-se a uma altura das relações em que já quase tudo é "um amor que foi." Mas que não se ouve, que não se sente. E, tens razão, o melhor é partir. Beijinhos

22 junho, 2005 20:36  
Blogger José Monteiro said...

Há quanto tempo estou só, deixei de contar, há quanto tempo deixei de receber as tuas mãos, olhos, boca, há quanto tempo deixei de receber a tua pele, de te receber toda, de uma só vez, como se quisesses desaparecer em mim, para um sítio onde ninguém te pudesse ir buscar, um esconderijo no meu medo que te escondesse para sempre, nenhuma chave na porta, estás onde, tens comido bem, tens frio á noite, onde estás, esqueci-me, só sei que em sítios que não conheço e não conhecerei nunca, sítios que só sei longe de mim, tudo, amor, longe do que planeamos, um acidente de percurso, quero acreditar, um insignificante desvio de rota, perecível e temporário, mas não, apercebo-me que já passou demasiado tempo desde que partiste...

22 junho, 2005 21:57  
Blogger andorinha said...

Querida amiga,

Gostei mesmo muito!
"Mas a minha voz, essa estará sempre onde alguém quer escutá-la".
Como diz a Ni, também eu estou sempre disponível para ouvir essa voz.
Um beijinho grande.:)

22 junho, 2005 23:41  
Anonymous Anónimo said...

Credo, Mitsou, o que tu escreveste é tão real! Arrepia pela verdade, a verdade de tantos de nós...

23 junho, 2005 00:36  
Blogger Menina Marota said...

Lindo!

Tão real, como o brilho dos teus olhos, que já vi sorrir e espero voltar a ver, um dia destes.
A tua voz, escutá-la-ei, sempre que quiseres, na simpatia que despertastese nas risadas que soltaste.

Um abraço saudoso e até um dia destes... ;)

23 junho, 2005 01:03  
Blogger Mocho Falante said...

Que bom que é, quando navegamos sem rumo na blogoesfera e encontramos uma escrita tão bonita tão concertada de palavras

Obrigado por esta partilha

Muito bonito mesmo

23 junho, 2005 01:05  
Blogger Michael said...

Even as I struggle with this translation I can feel the heartache of your words. Why I find beauty in such sorrow I do not know. Maybe because it echoes in my heart as well.

Take Care
Michael

23 junho, 2005 13:42  
Blogger Sextosentido said...

gostei particularmente deste post. Comoveu-me, tocou-me a alma e uma vez mais, por breves instantes, consegui sentir o que descreves... porque todos temos passagens dolorosas...

30 junho, 2005 15:37  

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