tijolices

Para ir sendo construído, disse eu no início. A obra acabou.

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domingo, maio 01, 2005

Dizer-te...

É uma conversa que nunca tivemos. Muitas outras sim, mas esta não. Estranha conversa, porém. Eu falo e tu ouves. Como sempre me ouviste. Quando era preciso ouvir. Sempre me protegeste. Até de mais, por vezes. Mas és assim e eu aprendi a aceitar. Apoiaste sempre, incondicionalmente, as decisões que tomei. Também tivemos discussões. Das quais me arrependo amargamente. Mas, sabes, são daquelas coisas que só acontecem entre duas pessoas que se amam. E por isso se perdoam. E tu perdoaste sempre. As nossas vidas não foram fáceis. Os dramas da minha foram por ti vividos com duplo sofrimento. E sei que, em ti, a dor foi sempre maior. A tua força, nessa aparente fragilidade, serviu-me de exemplo. Nem sempre te agradeci como devia. Nunca te disse, assim com a frase certa, o quanto te amava. E devia ter dito. Muitas vezes. Talvez por um certo pudor em dizê-lo, não sei. Penso que foi isso, um mal da minha geração. Ou talvez por pensar que bastava traduzir em gestos esse amor e essa gratidão. E logo eu, que trabalho com as palavras. Por que não as disse ao longo destes anos todos? Por que estou agora a escrevê-las e não tas digo de viva voz? Vou dizer, sim. Mas também quero que fiquem escritas. Aqui. Peço-te, por isso, que te sentes na minha cadeira, olhes para o monitor e leias o que acabo de escrever. Depois vou dar-te um abraço muito apertado, um beijo, e dizer-te com a ternura que me embarga a voz: Amo-te muito, Mãe.

21 Comments:

Blogger th said...

Li o teu post, com a música de Yanni como fundo musical, e só me ocorre dizer-te que mais vale tarde do que nunca, frase banal mas bem significativa, da parte de quem já não tem a quem dizer...amo-te minha mãe!
th

01 maio, 2005 01:15  
Anonymous Anónimo said...

"Com três letrinhas apenas
se escreve a palavra mãe
que é das palavras pequenas
a maior que o mundo tem."
de Heloísa Cid

E ouço risos escarninhos, sussurrares trocistas, comentando a piroseira, mas que se lixe!

Gostei do que escreveste Mitsou, e da quadra que "roubei" também...

Dois beijos: um para a tua mãe e outro para ti.

Magude.

01 maio, 2005 02:23  
Blogger andorinha said...

Lindo texto, Mitsou!
As mães são das pessos mais importantes nas nossa vidas não é assim?
Ela vai gostar muito de ler.
Beijinho

01 maio, 2005 02:29  
Anonymous Anónimo said...

Lê-lhe o texto, que está lindo, repete o quanto a amas, abraça-e dá-lhe mil beijos!
Sabes...isso era o que eu gostaria de fazer, entendes? Se não vivesse, há 3 meses, estes dias de saudade...

Um beijinho para ti e outro para a tua mãe.

01 maio, 2005 03:01  
Anonymous Anónimo said...

Muito, muito bonito, Mitsou!!, um beijo às duas, IO.

01 maio, 2005 03:13  
Blogger lobices said...

...uma declaração muito doce; um texto muito belo emuito bem escrito
...um beijo para ti

01 maio, 2005 10:37  
Blogger Raquel Vasconcelos said...

Oh bolas Mitsou... directo ao coração, de uma forma incontornável, de uma forma terrível... com uma música lindíssima...

01 maio, 2005 10:54  
Anonymous Anónimo said...

Hoje é o dia da mãe... mas o teu texto recordou-me como as palavras por dizer podem sê-lo para sempre...




Recordo-me como se fosse hoje que fui com ele tomar o pequeno almoço... coisa tão rara como dar-lhe um beijo de boas noites (a vida tem demasiadas nuances e no entanto também demasiado complexas para explicar aqui...).
E durante toda essa manhã, na minha mente, me fazia todas essas perguntas de alguém que não sabe pq nunca se tornou numa filha igual a tantas outras e nunca pude ser amiga dele e irmos almoçar como todos os pais e filhos, sem eu me sentir culpada, sem eu me perguntar "porquê?", porque ficava sempre assim, a pensar naquela incapacidade de nos termos tornado amigos...
Vivi numa guerra surda de pais q não se separam mas em que a pergunta "de quem tu gostas mais?" tem um peso crucial... e eu escolhi uma lealdade infantil para com alguém... ou escolheram-na por mim...
Nessa manhã perguntei-me tanta coisa e com tanta tristeza interior, até quase com ansiedade porque já não haveria nunca volta atrás...

Nessa mesma tarde ele morreu...

Depois foi-me permitido finalmente dizer "Eu gostava do pai..." mas era já demasiado tarde, excepto que agora sei que ele sabe... tenho a certeza...






a.

01 maio, 2005 11:10  
Blogger DaJe said...

Tão Lindo Mitsou!! Adorei!! Especialmente porque me identifico com as tuas palavras. Porque será tão difícil abrir o coração aos nossos pais. Tb penso mts vezes nisso, e quero dizer-lhes assim como tu a "viva voz" o quanto os amo e quão agradecida por tudo lhes estou, mas por alguma razão não o consigo fazer como queria. Espero conseguir fazê-lo, antes q seja tarde demais, pq não conseguiria viver com esse remorso...
Beijo

01 maio, 2005 15:54  
Blogger agua_quente said...

Como é complicado exprimirmos assim os nossos sentimentos! Entendo-te bem Mitsou. Fizeste um post lindo para este dia. Beijos

01 maio, 2005 17:08  
Blogger lique said...

Que lindo o teu texto Mitsou, neste dia de todas as mães! Porque será que temos tanta dificuldade em dizer às pessoas que gostamos delas? Beijinhos

01 maio, 2005 17:17  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Mitsou
Mostraste à evidência a importância que este meio pode ter no relacionamento entre as pessoas. Eu não acho que isto as afaste, bem pelo contrário. Não fora - reforço eu, com exagero, claro - teres de escrever um post no dia da mãe e, talvez, essas lindas palavras ficassem mais uma vez adiadas. Sei que a partir de hoje te sentes mais feliz...
Um beijo
Daniel

01 maio, 2005 18:14  
Anonymous Anónimo said...

Teremos medo de amar? Amar reveste-se de muitas formas. O "objecto" do nosso amor pode assumir diferntes pessoas. Serão amores diferentes. Mas amores.
Achei a forma como escreveste "Dela" de uma enorme ternura.
Presumo que passaste um excelente dia, com Ela. Infelizmente o meu trabalho não conhece dias da Mãe, nem do Pai. Mas amo-os a ambos.
Um beijo.

01 maio, 2005 21:30  
Blogger Madalena said...

Um beijinho para ti. Que conversa linda esta!

01 maio, 2005 21:47  
Anonymous Anónimo said...

Li o teu texto, com uma ternura enorme.
Não como filha...mas como Mãe que também sou.

Perdi a minha Mãe há uns anos. A minha maneira de ser, sempre me levou a mostrar-lhe o grande afecto que tinha por ela, e pouco tempo antes de me deixar, tivemos uma grande conversa.
Uma conversa que nos limpou a alma a ambas...e, em que expressámos os nossos sentimentos e os nossos afectos.

Hoje, como Mãe, gosto de sentir esse afecto dos meus filho e, as rosas brancas que ali estão muito simbólicamente, mostram-me diáriamente a comunhão que nos une.

Não te arrependas nunca, de mostrar os teus afectos.

Eles são o nosso verdadeiro espelho...

Um abraço terno ;-)

01 maio, 2005 23:19  
Blogger Menina Marota said...

Desculpa, mas a anónima ali, sou eu... não saiu a identificação...

Jinhos :-)
http://eternamentemenina.blogs.sapo.pt/

01 maio, 2005 23:22  
Blogger Cláudia Félix Rodrigues said...

Mitsou, puseste-me as lágrimas nos olhos. A tua Mãe deve ter adorado. Um beijinho enorme, doce.

01 maio, 2005 23:25  
Blogger Å®t Øf £övë said...

O dia da mãe é todos os dias.Mas nesta data especial não fica nada mal prestarmo-lhes uma homenagem,nem que seja através das palavras.
Boa semana.
Bjs.

01 maio, 2005 23:37  
Blogger Conceição Paulino said...

não devems guardar as palavras de amor.Ainda bem k as soltaste. Bj grande e longa vida a tua mãe.

02 maio, 2005 11:14  
Blogger Tão só, um Pai said...

... estou comovido ... e reconheço que, hoje, me é mais fácil dizer ao filhos "amo-te", do que aos meus pais ... este pedaço escrito é mesmo muito gostoso. Beijinho grande.

02 maio, 2005 12:20  
Blogger Sextosentido said...

Espero que a tua mãe tenha chegado a ler este texto... pois estou certa que seria muito importante para ela ler o que deixaste aqui escrito. Todos nós gostamos de saber o quanto que somos amados.

02 maio, 2005 17:20  

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